Reunidos em uma audiência virtual no último dia 9 de setembro com representantes das diretorias regionais de ensino de Apiaí, Itapeva e Itararé, os prefeitos dos municípios que compõem o Condersul – Consórcio de Desenvolvimento das Regiões Sul e Sudoeste do Estado de São Paulo deliberaram que as aulas na rede municipal não deverão ser retomadas este ano. O motivo é o receio de que o retorno dos alunos às escolas possa resultar no aumento dos casos positivos de Coronavírus.
Para o presidente licenciado do Condersul, prefeito Marco Antônio Citadini, a maioria dos pais de alunos está com medo e não quer a retomada das aulas. “O momento pede responsabilidade e cabe aos prefeitos e gestores ouvir a voz da comunidade, que é majoritariamente contra o retorno das aulas”, enfatizou.
De acordo com Citadini, um levantamento feito pela Secretaria Municipal de Educação apontou que em Capão Bonito aproximadamente 80% dos pais são favoráveis em manter os filhos em casa enquanto durar a pandemia e não houver uma vacina que assegure a imunidade contra a doença.
O prefeito de Itararé, Heliton do Valle, também não vê motivo para expor os alunos, dada a situação atual dos municípios no que se refere aos números relacionados à Covid-19. “Promovemos uma enquete que apontou que a maioria dos pais ainda está com medo. Prova disso é a diminuição do acesso às merendas e material pedagógico que disponibilizamos para os alunos estudarem em casa. Por este motivo, mantemos a posição de não voltar este ano”.
Em outro momento da reunião, Marco Citadini criticou o governo do Estado, que parece querer transferir aos prefeitos a responsabilidade sobre a reabertura das escolas. “O que deixou os prefeitos inconformados é que na época do fechamento do comércio nós sofremos muita pressão por conta das medidas impostas pelo decreto estadual e agora as coisas inverteram. Realmente confesso que não entendi”.
Em resposta, o dirigente regional de Ensino de Itapeva, Dorival Pinheiro Garcia, explicou que o governo do Estado tem adotado protocolos para que o retorno às aulas seja feito com segurança. “O planejamento é muito seguro, conforme determina o Plano São Paulo. Algumas escolas iniciaram atendimento, mas ressalto que esse retorno é opcional”, explicou o dirigente, que concorda que a comunidade escolar está receosa.
“Temos levantamento que mostra que apenas 10% das famílias estão permitindo que os filhos voltem para as escolas. Entretanto o problema mais grave no ensino médio é que é a taxa de evasão escolar, que historicamente atinge 25%, para este ano a taxa prevista é de 40 a 50%. Portanto, a iniciativa do governo é no sentido de salvar um pouco a crise da educação”, acrescentou Dorival Pinheiro Garcia, que estava acompanhado do dirigente regional de Itararé, João Torquato Jr, e da dirigente de Apiaí, Ana Paula Dorini Santos.
Professores com medo
A prefeita de Nova Campina Josi do Eliel manifestou preocupação com os profissionais que trabalham na educação e que estão entre aqueles que integram o grupo de risco. Ela disse que foi procurada por professoras da rede estadual que pediram sua intervenção para que as aulas não voltem este ano.
“Temos esse e outros problemas, especialmente envolvendo o transporte escolar. Estamos em fase de licitação do transporte e aquisição da merenda, portamos estamos sem estrutura para atender esse possível retorno. Quanto ao nosso município, a Comissão Municipal da Educação já deliberou ser contra a volta às aulas, tendo em vista que os casos de Covid estão aumentando no município”, destacou ela.
A prefeita de Nova Campina, Jusmara Rodolfo (Pixa), também manifestou posição contrária ao retorno das aulas. Segundo ela, o motivo são os casos confirmados de Coronavírus que estão em alta no município. “Do dia 22 de agosto para cá são registrados ao menos dois infectados por dia. Além disso, nossa rede é composta de 140 professores PEB 1 e 2, dos quais 50 deles não voltariam ao trabalho por conta de comorbidades e por pertencerem ao grupo de risco”.
Sobre a questão do transporte escolar, o dirigente de Ensino de Itapeva explicou que dependendo da decisão dos prefeitos, a Secretaria Estadual de Educação anunciou que os convênios serão reativados totalmente em outubro, caso a opção seja pelo retorno das aulas, do contrário, o convênio não será reativado.
Escolas particulares
Em relação às escolas particulares, Dorival Pinheiro Garcia explicou que os critérios para validar o possível retorno serão avaliados pelo supervisor do Estado, que deverá verificar os protocolos de segurança de cada unidade escolar.
Sobre o retorno das aulas nas escolas da rede estadual e na rede particular, o presidente licenciado do Condersul defendeu que os prefeitos devem estudar as particularidades de seus respectivos municípios. Segundo Marco Antônio Citadini, a orientação é que cada município publique um decreto oficial explicando as deliberações tomadas e informe sobre a decisão da não retomada das aulas na rede municipal este ano.